sábado, 11 de setembro de 2010

Deus Julga o Teu Povo.

Somos o povo do Senhor, o povo eleito: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9). Fomos feitos participantes da natureza divina, em nossos corações existe a semente de Deus que nos separa do pecado, nos santifica diante de um mundo ímpio que está sob o domínio do mau: “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro está no maligno” (I João 5:19). Somos guardados por Deus: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (João 17:15).

Toda essa maravilhosa herança nos deixa com grandes responsabilidades diante do Senhor. Se entregarmos coisas valiosas para uma pessoa de confiança cuidar, é lógico que de tempo em tempo, pedimos a essa pessoa para comparecer diante de nós para prestação de contas, observamos o que lhe entregamos e julgamos se está bem cuidado ou não. Assim também Deus faz conosco. Ele pede que prestemos contas das suas riquezas que nos foi confiada. Ele faz isso de duas formas, no presente com o propósito de nos corrigir para não sermos condenados com o mundo, e no futuro, quando provará as nossas obras pelo fogo.

Esses princípios são muito importantes para o êxito da nossa vida cristã, e para a saúde da igreja. Imagina a ilustração que usamos acima, se não pedirmos prestação de contas, o que será das nossas riquezas que foram confiadas para outra pessoa? Se não tivermos meios de julgar se os nossos bens estão bem cuidados ou não, o que poderá acontecer? Imagina se Deus não julgasse a Sua igreja na prestação de contas do que lhe fora confiado? Com certeza absoluta, as suas riquezas seriam roubadas, a saúde espiritual da igreja ficaria comprometida, o seu testemunho público seria afetado. Por isso que encontramos relatados na Bíblia, momentos em que Deus observa e julga o seu povo. Quais são?

No Batismo
 O batismo é uma confissão pública da nossa fé. Confessamos a nossa nova identidade diante de Deus e do mundo. Nesse momento a nossa confissão de fé em Jesus Cristo, o nosso arrependimento dos pecados, e a compreensão do custo do discipulado, a renúncia da vida antiga e a nossa sinceridade é observada e julgada por Deus. “Quando ouviram isso, ficaram aflitos em seus corações, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: irmãos que faremos? Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2:37-38).

 O batismo não é uma cerimônia irrelevante, não deve ser ministrado com leviandade, pessoas não podem ser batizadas sem saber o que estão fazendo, sem saber o custo do discipulado, sem saber que andar com Jesus Cristo exige renúncia do mundo, do diabo e do pecado, e a adoção de uma nova vida governada por outro Senhor. “Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar? Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar. Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz. Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:25-33). Existe um custo, e esse custo deve ser ensinado antes do batismo. Jesus não tem outra classe de seguidores a não ser discípulos.

  Por não ter essa compreensão, a maior parte dos que batizam não permanecem seguindo Jesus Cristo, outra parte permanece vivendo a vida egocêntrica. Por isso que todo batismo na Bíblia foi acompanhado de confissão da nova identidade, e de observação precedida de julgamento de Deus da entrega verdadeira do individuo. Creio que Jesus Cristo viveu também para nos dar exemplo. “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4:15). Ele passou o que passamos, foi tentado como somos, teve fome, ficou cansado, precisou orar e confiar em Deus. Se Jesus Cristo é o nosso exemplo perfeito em tudo, podemos tomar o seu batismo como referência de que Deus observa e julga a nossa confissão no momento em que descemos as águas. Pois isso aconteceu com Ele: “E sendo Jesus batizado, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele; e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:16-17). Ouve uma observação divina, ouve um julgamento do batismo e ouve uma aprovação.

  É claro que não vamos julgar ninguém, é Deus quem julga, mas devemos ensinar corretamente as pessoas que vão seguir Jesus Cristo a importância do batismo, e a convicção que deve ter em seus corações do arrependimento dos seus pecados e o entendimento do custo da sua caminhada cristã.
  Muitos pecadores têm entrado nas águas do batismo pecadores secos e saído das águas pecadores molhados, não levam a sério porque não foram ensinados seriamente. Diante das tentações caem, diante das provações sucumbem.

Ao ofertar
 Ao ofertar, também somos observados e julgados quais são as nossas motivações, de onde está vindo a oferta e a nossa comunhão com o corpo de Cristo. Quando ofertamos, todas essas coisas são observadas e julgadas por Deus. “E Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições, e observando a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias. Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor. Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: Afirmo-lhe que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo que possuía para viver” (Marcos 12:41-44). Jesus "observava quem doava ofertas", a observar, Ele julgou a vida de cada ofertante e declarou quem estava errado e quem estava correto.

 Creio que Ele ainda observa e julga quando damos nossas ofertas e dízimos para a manutenção da Sua igreja. O que pode acontecer quando ofertamos levianamente, mentindo ao Senhor com relação ao valor do que deveríamos ofertar?

 Dois exemplos, o primeiro positivo e o segundo negativo. Barnabé, exemplo positivo. “Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação), levita, natural de Chipre, possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (Atos 4:36-37). Ananias e Safira, exemplos negativos. “Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos. Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno? Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto. Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram. Depois de um intervalo de cerca de três horas, entrou também sua mulher, sabendo o que havia acontecido. E perguntou-lhe Pedro: Dize-me vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por tanto. Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti. Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido. Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas” (Atos 5:1-11). Barnabé e outras pessoas, assim como Ananias e Safira levaram as suas ofertas para a igreja, Deus observou a atitude de cada um, a oferta dos outros Deus aceitou, mas de Ananias e a sua esposa não aceitou, porque? Eles mentiram ao Espírito Santo retendo parte do dinheiro. Deus observou e julgou, e os dois morreram trazendo temor para toda a igreja.

 Talvez você possa ser tentado a pensar: “Mas hoje é diferente Deus não age mais assim?” Meus irmão, quero lhe informar que esse tipo de pensamento é mentiroso, não vemos pessoas morrendo na hora que levam suas ofertas, mas vemos pessoas doentes, fracas, pobres, oprimidas, passando por sofrimentos diversos, sendo roubadas, espoliadas, escravizadas por vícios. Será que isso não é o resultado das observações e julgamento de Deus disciplinando o seu povo? Deus observou e julgou a oferta de Caim e Abel. A de Abel aceitou, a de Caim rejeitou. “Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas ofertas, e por meio dela depois de morto, ainda fala” (Hebreus 11:4). Deus deu testemunho das ofertas de Abel e condenou a de Caim, porque? “Não sendo como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas” (I João 3:12). Deus observou e julgou o coração de Caim através das suas ofertas.

 Jesus Cristo ensinou que há julgamento quando ofertamos: “Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último centavo” (Mateus 5:23-26). Deus julga quando ofertamos se temos coisas não resolvidas com os nossos irmãos, e espera que reconciliemos com eles antes de ofertar, se ofertarmos sem obedecer a essa orientação divina, podemos ser julgados e disciplinados.

Ao comer a Ceia do Senhor
 Quando nos reunimos para comer a Ceia do Senhor, em memória de Cristo, também somos observados e julgados se somos dignos ou indignos de participar. Esse momento também não deve ser leviano, praticado religiosamente, sem vida, sem a compreensão dos princípios divinos envolvidos. Muitos participam dessas reuniões solenes para piorar suas vidas. “Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, mas para pior” (I Coríntios 11-17). Porque que o ajuntamento deles era para pior? “De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor; porque quando comeis, cada um toma antes de outrem a sua própria ceia; e assim um fica com fome e outro se embriaga” (I Coríntios 11:20-21).

 Quando comemos o pão e tomamos o cálice em memória a Jesus Cristo, devemos antes julgar a nós mesmos para que não sejamos julgados e disciplinados pelo Senhor. “Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (I Coríntios 11:31). A palavra “julgar” aparece duas vezes nesse pequeno versículo, porém, no grego, a língua que foi escrita, cada uma delas é uma palavra diferente. A primeira palavra “Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos”, é a palavra grega “diakrino”, que significa “separar amplamente”. Separar o que? O vil do precioso, a verdade da mentira, injustiça da justiça. Como fazemos isso? Examinando nossas vidas antes de comer e beber, separar da nossa vida a injustiça e o pecado. Como fazemos? Arrependendo da nossa desobediência e confessando ao Senhor. A outra palavra grega é krino”, que significa “punir ou condenar”. Porque Deus nos julga quando participamos da Ceia do Senhor? Para não sermos condenados com o mundo. “Quando, porém, somos julgados (krino) pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo” (I Coríntios 11:32). Deus quer nos separar da nossa desobediência para não sermos condenados com o mundo.

 Devemos tomar a Ceia do Senhor dignamente, e isso é possível quando nos julgamos antes de sermos julgados pelo Senhor, quando discernimos o Corpo de Cristo. “De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice” (I Coríntios 11:27-28). Não podemos comer a Ceia do Senhor em pecado, com injustiças não confessadas em nossas vidas, com a nossa comunhão quebrada com o Corpo de Cristo, sem discernir o Corpo. O que é discernir? Perceber claramente que fazemos parte do Corpo de Cristo, e tudo que fazemos em particular afeta o funcionamento desse corpo. Avaliar nossa participação como membro desse corpo, se estamos servindo, se estamos suprindo, se estamos ajudando esse corpo a ser saudável, crescer, ser edificado.

 Quando comemos e bebemos sem separar o vil do precioso, sem esse discernimento claro da nossa posição no corpo, comemos juízo para nós mesmos, seremos disciplinados pelo Senhor. “Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor” (I Coríntios 11:29). Qual juízo, ou condenação que essa pessoa terá? “Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem (morreram)” (I Coríntios 11:30).

 Quando não discernirmos o corpo, não nos consideramos parte do corpo. Sem esse discernimento, nós liberamos fraquezas, doenças e morte para nossa igreja, é liberado fraqueza, doença, e morte para quem participa indignamente.

 Aplicação
 Debaixo da convicção do Espírito Santo liberado pela Sua Palavra que nos foi revelada, não podemos mais continuar os mesmos, participando das insondáveis riquezas de Cristo levianamente, sem compreensão da santidade do crente e das ordenanças do Senhor, da nossa participação efetiva do corpo de Cristo.


                                                              Devemos mudar agora!

 

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